Artista Plástico Autista, Paulo Victor é referência para inclusão de pintores neurodivergentes

Paulo Victor: artista plástico autista – talento e superação em cada traço

Paulo Victor, um jovem artista plástico, é um exemplo inspirador de como a arte pode transformar vidas e criar pontes de inclusão. Nascido 2003, em São Vicente de Minas, Minas Gerais, ele utiliza sua arte para expressar sentimentos, desafiar preconceitos e celebrar a diversidade.

Como autista, ele transforma paredes e salas com suas obras, que são muito mais do que simples quadros decorativos. “Nem sempre fui comunicativo, sempre tive dificuldade, conseguia me comunicar e entender o mundo através da arte. A arte sempre foi uma porta de entrada para qualquer situação, desde interações sociais, até o meu próprio reconhecimento e o reconhecimento do outro, conta Paulo Victor.

Vamos conhecer essa trajetória de conexão com a arte, que não apenas o ajudou a compreender o mundo ao seu redor, mas também possibilitou que ele fosse compreendido.

O início da jornada: influências e descobertas pessoais

Desde cedo, Paulo Victor encontrou no desenho e na pintura um meio de expressão e comunicação. Ele cresceu inspirado por artistas japoneses como Masashi Kishimoto e Akira Toriyama, criadores de grandes ícones da cultura pop, como Naruto e Dragon Ball. “Esses artistas moldaram minha formação, mas também tive influências brasileiras, como Guilherme Freitas, que me ajudaram a consolidar meu estilo”, explica o artista.

Paulo descobriu sua paixão ao usar o desenho para se comunicar com sua família.

“Quando comecei a passar minhas ideias para o papel, minha mãe finalmente compreendeu o que eu queria dizer. A arte se tornou um leque de possibilidades para minha expressão”, relembra.

Desafios e conquistas: o impacto do autismo na trajetória de Paulo Victor

Com toda a certeza, a caminhada de Paulo Victor no mundo da arte não foi isenta de desafios. Como jovem autista, ele enfrentou cobranças externas para explorar estilos que não condiziam com sua identidade criativa. Mesmo assim, ele permaneceu fiel às suas influências e estilo, que remetem à estética dos animes e mangás. 

Sua primeira exposição, intitulada “Compreenda o Meu Olhar”, foi um marco inaugural. “É mais que um título, é uma conquista. Não desistir foi fundamental. Minha mensagem: persista.” revela Paulo. Ele destaca: “Essa jornada artística consolidou minha voz e visão”. Desde então, ele participou de diversas mostras, como a Raízes, que explora temas como inclusão, identidade cultural, cotidiano e questões sociais. 

Vivenciar o autismo na sociedade é um desafio constante, especialmente na aceitação e compreensão. Minha maior luta foi entender os outros, decifrar mensagens subliminares e expressar-me. A arte foi minha salvação.

— Paulo Victor

Destaque Internacional no Sagrado Eyecontact Art Week

Paulo Victor brilhou em eventos internacionais, como o Festival Sagrado Eyecontact Art Week, realizado durante a Miami Art Week e a Art Basel, nos Estados Unidos.

Jornal Correio do Papagaio traz matéria com o Paulo Victor num festival em Miami exibindo seus quadros e obras de arte
Na imagem, a participação na Miami Art Week e na Art Basel, nos EUA (clique aqui ou na imagem para ver a versão online. Procure a pág. 12)

Com sua participação, ele conquistou o primeiro lugar na categoria Desenho Digital e o terceiro lugar no Voto Popular, reafirmando seu talento no mercado contemporâneo de arte. O evento, liderado por Grazi Gadia e Taciana Kalili, integra artistas autistas ao universo das artes e da cultura.

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Arte e Moda: Um diálogo sobre representatividade

Um dos marcos na trajetória do artista foi a parceria com a Coglifearts. Suas obras foram transformadas em estampas de camisas, incluindo colaborações com a marca Reserva.

Em outras palavras, esses projetos não apenas celebram a arte inclusiva, mas também incentivam o debate sobre acessibilidade no mundo criativo.

O poder transformador dos quadros de Paulo Victor

As obras de Paulo Victor vão além do estético. Suas pinturas e desenhos trazem mensagens profundas de diversidade e inclusão. Cada traço carrega a essência de sua jornada pessoal e o desejo de criar ambientes acolhedores e transformadores. “Compreender o mundo e ser compreendido. Isso é o que me motiva a criar”, resume.

Seus quadros não só embelezam espaços, mas também contam histórias e inspiram reflexão. Paulo acredita que a arte pode ser uma ferramenta poderosa para conscientização e inclusão. “Quero que minha arte seja um convite para o diálogo, um reflexo da diversidade e um meio de valorizarmos a neurodiversidade”, explica.

Exposição “Compreenda o meu olhar”. (sintoexpressoexisto / Instagram)

Representatividade e inclusão no mercado de arte

Apesar de seu talento e conquistas, Paulo Victor acredita que ainda há um longo caminho a ser percorrido na arte brasileira contemporânea. “Não me sinto plenamente representado. Falta diversidade e espaço para artistas com deficiência, especialmente autistas”, afirma. De fato, ele defende mais iniciativas inclusivas em museus, galerias e programas de capacitação. 

Na exposição FlinkSampa, Festa Internacional do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra que acontece na Universidade Zumbi dos Palmares e no Sesc Pompeia e fez parte da programação da Virada da Consciência na cidade de São Paulo.

Paulo teve a oportunidade de apresentar suas obras e refletir sobre sua identidade como pessoa preta e autista.

Sou um jovem artista autista do interior de Minas Gerais. Minha paixão pela arte e cultura é profunda. A exposição na Universidade Zumbi dos Palmares, e expondo na FlinkSampa, durante a Semana da Consciência Negra, foi um marco. Descobri minha sinceridade e identidade como pessoa preta. Aprendi que não somos filhos de escravos, mas sim de pessoas escravizadas, arrancadas de suas terras e submetidas a condições desumanas. Essa consciência despertou em mim um sentimento de orgulho e resistência.

— Paulo Victor

O processo criativo de Paulo Victor: inspiração e perseverança

O processo criativo de Paulo Victor é marcado por um planejamento cuidadoso e pela busca da perfeição. “Eu visualizo a arte na minha mente e a passo para o papel várias vezes até que fique como imaginei”, conta. Assim sendo, inspirado pela famosa frase de Michelangelo Buonarroti, ele acredita que cada obra é uma jornada de descoberta.

Planos e sonhos para o futuro

Sem dúvida, Paulo Victor tem grandes planos para o futuro. Por exemplo, Ele deseja concluir e publicar seu próprio mangá, lançar uma linha de camisetas intitulada Cultura Geek Afro e aprimorar seu material de trabalho. Além disso, ele busca participar de novos eventos artísticos, sempre em busca de crescimento pessoal e profissional.

Uma mensagem de inspiração

Paulo Victor é um guerreiro, que descobriu a TEA tardiamente, mas que usa a arte e digital para alcançar o mundo!
paulo_victor696 / Instagram

Para Paulo Victor, a arte é mais do que um trabalho; é uma forma de vida. Dessa forma, ele espera que sua história inspire outros artistas independentes e neurodivergentes a seguirem seus sonhos, independentemente dos desafios.

Com suas obras, Paulo não só enriquece o mercado de quadros, mas também promove a inclusão e a diversidade, tornando-se um exemplo vivo de como a arte pode transformar o mundo.

Abaixo, mais um pouco do trabalho do artista, no canal do YouTube da Galeria Aut:

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