Sarah Santiago, uma artista brasileira, uma alma em cores nascida em na divisa entre Itaquera e Guaianases, São Paulo, pinta seus quadros com a vida em traços de arte abstrata. Sua jornada artística se confunde com a paulistana percorre periferias recheadas de pluralidade: Guaianases, São Mateus e Itaquaquecetuba.
No entanto, tem na cidade de São Paulo um segundo lar para sua dança incessante, seu desejo de libertar a sua voz tão singular, de gritar a própria verdade nas telas. Em cada traço, uma busca profunda pela liberdade criativa, um anseio de transcender as fronteiras e conectar almas com a linguagem universal da arte.
A saber, Sarah é uma artista multifacetada, com formação em Artes Visuais pela Universidade de Franca (UNIFRAN) e pós-graduanda em Ensino de Artes Visuais e Tecnologias Contemporâneas pela UFMG.
Apesar de tão jovem, sua experiência engloba produção cultural, educação artística e mediação. Sobretudo, com destaque para o Projeto Cultural “Intensidade das Sensações”, uma mostra realizada em Itaquaquecetuba. A exposição teve produção, curadoria e artes criadas pelas própria Sarah.
Ela também atuou como mediadora cultural na Casa do Olhar Luiz Sacilotto e já ministrou oficinas de arte em diversos projetos. Seus quadros e peças artísticas são uma ode à abstração. Visto que, influenciada por artistas como Wassily Kandinsky, explora as cores como linguagem universal para expressar emoções e sensações.
Dos parafusos às telas: o destino inevitável
A história de Sarah com a arte começou na infância, com o desenho como um passatempo, um refúgio para expressar seus sentimentos e pensamentos. Ela se dedicava a garatujas e desenhos realistas, mas a vida a levou para um caminho diferente: o ensino técnico em mecânica. A paixão pela área mecânica era real, mas a chama da arte nunca se apagou.
“Quando é para ser, em algum momento volta e nas aulas de arte os meus desejos internos retornaram.”, revela Sarah.
A virada decisiva aconteceu nas aulas de arte, um encontro com a história e um professor que despertou em seu interior a chama adormecida pela veia artística. A arte moderna e contemporânea a seduziu, libertando-a das amarras do realismo e encontrando morada em seu coração. Foi nesse momento que Sarah descobriu um universo de possibilidades ilimitadas, livres e vibrantes.
Wassily Kandinsky, com sua obra que fundia música e pintura, se tornou um mentor crucial, despertando nela o desejo de explorar a sinestesia e a linguagem universal da cor. A arte se tornou o refúgio de Sarah Santiago, seu canto, seu universo próprio e, a partir daí, começou a mergulhar em seus quadros com mais intensidade.
“Conheci parâmetros da história da arte que me fascinavam e o educador me impulsionava a criar trabalhos além da visão simplória do que é arte”, relembra Sarah.
Tudo começou com um desejo de criar minha própria linguagem como tinha Wassily Kandinsky ou Anita Malfatti, as exposições no museu afro e a arte moderna e contemporânea no geral se intensificaram no meu despertar artístico.
– Sarah Santiago
A influência de Kandinsky e o despertar da sinestesia
A influência de Kandinsky foi profunda na trajetória artística de Sarah. Ela se viu fascinada pela forma como ele explorava a música como inspiração para suas telas, e como ele conseguia traduzir a sonoridade em formas e cores. Essa influência se manifesta em sua própria obra, que se caracteriza por uma forte ligação entre música e pintura, e por um uso intenso e expressivo das cores, que evocam emoções profundas e sensações visuais.
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“A ideia de sinestesia e cores vieram pelo Wassily Kandinsky”, afirma Sarah. “Ele me impulsiona a trabalhar duas vertentes em conjunto, que me faz sentir a música e as palavras no papel.” Sarah enxerga a sinestesia como um caminho para conectar diferentes sentidos e criar uma experiência artística multissensorial.
Os quadros de Sarah Santiago: arte abstrata como linguagem da alma
Para Sarah, a arte abstrata é a linguagem perfeita para expressar as emoções e as nuances da alma humana. Ela se liberta da necessidade de representar o mundo real e mergulha no universo da subjetividade, onde a cor, a forma, a textura e o movimento se fundem para criar um diálogo direto com o observador.
“Me atrai o desejo de desconstruir o visível, de estornar os sentimentos e reduzi-los a traços ou formas não figurativas”, explica Sarah. “Me atrai desafiar o olhar do contemplador e despertar outras emoções nele.” Sua arte, portanto, é uma jornada introspectiva, uma busca por conectar-se com a alma do observador e despertar nele uma série de emoções, lembranças e reflexões.
Estilo: a cor como instrumento de expressão e emoção de seus quadros abstratos
A cor é a base da obra de Sarah, um elemento fundamental que pulsa em suas telas. Assim sendo, ela se dedica ao estudo das cores como um mergulho em um oceano infinito em seus quadros abstratos. Aliás, no círculo cromático há esse encontro de um labirinto de possibilidades.
Ou seja, tons complementares e análogos se entrelaçam, criando uma sinfonia visual que traduz a vibração dos seus sentimentos e pensamentos. Em outras palavras, Sarah busca, com paixão e dedicação, compreender a profunda relação entre as cores e as emoções humanas, transformando a tela em um palco para a dança da alma.
“É a base da minha inspiração“, declara Sarah.
O círculo cromático é fundamental nos meus estudos como tons complementares e análogas, me inspiro nos estudos de teorias das cores e suas relações que por sua vez evocam emoções no corpo humano, aliadas nas estruturas em diversos planos como na decoração, identidade e até estratégia de negócios.
– Sarah Santiago
Sarah não apenas utiliza a cor como um elemento visual, mas a considera um instrumento poderoso para comunicar ideias, sentimentos e conceitos.
A música como inspiração e companheira de criação de Sarah Santiago
Antes de tudo, a música, para Sarah, é uma força poderosa que impulsiona e complementa sua criação artística. É um elemento crucial em seu processo criativo, tanto quanto uma fonte inesgotável de inspiração e um complemento harmônico para suas telas.
“A música está 100% inserida em meu trabalho”, afirma Sarah. “Diria que é a ponta inicial e indispensável em meus processos criativos, faz parte da inspiração e a linguagem na qual o artista transmite que se me toca no íntimo eu sinto a necessidade de produzir.”
A música a acompanha em cada etapa da criação, desde a escolha da paleta de cores, passando pela construção da composição até a finalização da obra. A sonoridade das melodias, a intensidade das batidas, a poesia das letras e a emoção transmitida por cada nota se transformam em pinceladas, cores e formas em suas telas.
Sarah se conecta profundamente com a música, buscando inspiração em diversos artistas e estilos musicais. Entre seus favoritos, destacam-se Urias, com seu álbum “Her Mind”, que a inspirou a explorar temas como transformação e reconhecimento, e Madonna, com seu álbum “Erotica”, que despertou em sua mente uma série de imagens e cores que evocam a sensualidade e a força feminina.
A musicalidade entra em dois momentos no meu trabalho, o primeiro é como figurante enquanto pinto uma tela, sendo o impulso da criação; já a segunda o processo de sinestesia se faz necessário.
– Sarah Santiago
A arte como expressão da alma: um diálogo entre o interior e o exterior
A arte, para Sarah, é um reflexo de sua alma, uma forma de exteriorizar seus sentimentos, pensamentos e experiências de vida. Suas obras são uma autobiografia visual, onde as cores, as formas e as texturas se entrelaçam para narrar suas emoções, sua visão do mundo e seus sonhos.
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“Eu costumo dizer que a minha arte fala sobre os meus sentimentos“, Santiago percorre seus pensamentos e completa: “É tudo que vivo e sinto, são meus traços e ânsias de fala, minha arte é parte do que sou e sinto e sobretudo a particularidade de como vejo o mundo.”
Primeiramente, sua busca incessante pela autenticidade e liberdade criativa a impulsiona a desafiar o olhar do observador. Dessa forma, Sarah convidando-o a uma viagem introspectiva, a uma conexão profunda com sua obra, a uma experiência única e emocionante.
Mais que quadros: um ato político de ocupação de espaços
O caminho de Sarah como artista não é livre de obstáculos. A desvalorização da arte no Brasil, a elitização do mercado e a invisibilidade das artistas negras e periféricas são desafios que ela enfrenta diariamente.
Mas sua paixão pela arte, seu talento inegável e sua determinação a impulsionam a seguir em frente. Dessa forma, ela busca reconhecimento e a possibilidade de viver de sua arte.
“Apesar de tantos desejos, os passos ainda são lentos por questões da valorização escassa da arte no Brasil”. Sarah reflete e faz a seguinte observação: “Por ser uma área muito elitizada e acadêmica, onde mulheres negras e periféricas são sempre silenciadas e deixadas de lado.”
Seu objetivo é que seu trabalho transcenda fronteiras, que o mundo conheça seu nome e se conecte com sua obra, que sua arte inspire e cause impacto. Sarah sonha em expor em grandes museus, participar de eventos internacionais e deixar um legado que inspire outras mulheres negras a trilhar seus próprios caminhos na arte.
Desafios: a busca por reconhecimento e apoio
Sarah Santiago é uma artista que está em constante evolução, buscando aprimorar suas técnicas, ampliar seus conhecimentos e desafiar seus próprios limites. Ademais, ela não busca reconhecimento apenas em Itaquaquecetuba; ela o persegue diariamente na cidade de São Paulo (onde já expôs em diversos locais) e sonha em levar sua arte para o mundo.
“Meu sonho é o mundo conhecer meu nome, entender meu trabalho e o reconhecer em qualquer lugar, é receber propostas de exposição em um museu renomado e ter liberdade criativa para as ideias saírem do papel. Meu objetivo é ser reconhecida em Itaquaquecetuba, depois a cidade de SP e Estados como um todo, desejo expor em coletivo e individualmente até chegar a primeira proposta para fora.”
– Sarah Santiago
Para realizar seus sonhos, Sarah busca o apoio de instituições culturais, patrocinadores e colecionadores que possam reconhecer seu talento e investir em sua arte. Com toda a certeza, ela acredita que a arte tem um papel fundamental na sociedade, uma força capaz de transformar o mundo.
Os desejos de uma artista em ascensão: a arte como força transformadora
Sarah Santiago sonha com um mundo onde a arte seja um grito, um sopro de esperança, um grito por justiça e reconhecimento. Em outras palavras, ela busca contribuir para a valorização da cultura brasileira. Assim sendo, sua intervenção já dá voz à arte produzida por mulheres negras e periféricas. Sem dúvida, sua paixão quebra barreiras e abre caminhos para um futuro mais senão mais justo, ao menos mais colorido.
A jornada de Sarah Santiago é um turbilhão de cor e emoção, uma busca incessante pela liberdade de expressão. É uma história que nos convida a abraçar a arte com paixão, a mergulhar em cada traço e a sentir a força transformadora da criatividade.
Em suma, que a arte de Sarah continue a inspirar e a emocionar, que suas telas sejam um canto de esperança em um mundo que precisa tanto de cor.
E que a própria vida seja uma obra prima a ser criada por ela.