Vincent Van Gogh: história, amores e segredos do gênio

Vincent Van Gogh é um dos artistas mais intrigantes da história da arte. Sua vida intensa e suas obras vibrantes continuam a inspirar gerações e despertar curiosidade sobre seus dilemas pessoais e artísticos.

Das tragédias pessoais ao legado científico de “A Noite Estrelada”, vamos desvendar segredos que vão além dos quadros.
Vem comigo para conhecer tudo sobre a vida de Van Gogh!

Qual a história de Van Gogh?

girassois de van gogh
Vincent van Gogh, Public domain, via Wikimedia Commons

Vincent Van Gogh nasceu em 30 de março de 1853, na pequena Zundert, Holanda. Filho de um pastor calvinista, ele começou a vida adulta trabalhando como vendedor de arte e professor de inglês na Inglaterra e na França, mas só aos 27 anos decidiu pintar de verdade. Foi com o apoio financeiro e emocional do irmão Theo que Van Gogh mergulhou no estudo das cores e da luz, primeiro em Bruxelas e depois em Paris, onde aprendeu com mestres impressionistas como Anton Mauve, Paul Signac e Georges Seurat.

A foto de Theo van Gogh aos 15 anos. Anteriormente, pensava-se que se tratava de Vincent van Gogh com 13 anos. Museu Van Gogh
Balduin Schwarz, Public domain, via Wikimedia Commons (Foto de Theo van Gogh aos 15 anos. Anteriormente, pensava-se que se tratava de Vincent aos 13 anos)

Em 1888, Van Gogh mudou-se para Arles, no sul da França, e pintou “A Casa Amarela”, “Girassóis” e muitos outros quadros que hoje são ícones. Mas foi o internamento voluntário em Saint-Rémy-de-Provence, em 1889, que gerou algumas de suas maiores obras — entre elas, “A Noite Estrelada”. Mesmo sem pintar diretamente da janela, ele esboçou o céu e usou a memória para recriar as espirais luminosas que brilham até hoje.

O período final levou Van Gogh a Auvers-sur-Oise, onde, mesmo fragilizado, produziu dezenas de quadros em poucas semanas. Sua vida artística durou menos de uma década, mas deixou um legado de mais de 2.000 obras que pavimentaram o caminho para o modernismo. Hoje, a história de Van Gogh é celebrada em museus, livros e filmes ao redor do mundo — e, convenhamos, faz a gente querer olhar para as nossas próprias paixões com a mesma intensidade.

Qual a causa da morte de Van Gogh?

A versão mais famosa afirma que, em 27 de julho de 1890, Van Gogh disparou contra o próprio peito em um campo de trigo em Auvers-sur-Oise. Ele foi socorrido, passou dois dias agonizando em companhia do irmão Theo e, em 29 de julho, proferiu suas últimas palavras: “Quero ir embora”. Essa narrativa encaixa-se no perfil do artista atormentado e é reforçada por cartas trocadas entre os irmãos e testemunhos da época.

Por outro lado, uma pesquisa de 2012, na biografia Van Gogh: The Life, sugere uma hipótese de homicídio acidental: dois jovens teriam atirado em Vincent sem querer, e ele teria assumido o suicídio para poupar os rapazes. Embora o Museu Van Gogh de Amsterdã não reconheça de todo essa tese, ela instiga a discussão sobre a morte de Van Gogh e nos lembra que, às vezes, até as versões mais consolidadas podem ter sombras de dúvida.

Seja suicídio ou tragédia, o fato é que a partida precoce de Van Gogh, aos 37 anos, selou o destino de um gênio sem ver o reconhecimento que hoje impressiona o mundo.

Por que o Van Gogh enlouqueceu? Qual a deficiência que Van Gogh tinha?

A biografia de Van Gogh é marcada por crises de depressão, alucinações e episódios psicóticos. Durante seu internamento em Saint-Rémy, ele pintou em meio a surtos, cortou parte da própria orelha e chegou a descrever em cartas ao irmão uma “febre ou loucura mental ou nervosa”. Pesquisadores sugerem que ele sofria de transtorno bipolar, com fases de euforia e depressão profunda, além de traços de transtorno de personalidade borderline.

Vincent van Gogh - A Casa Amarela
Vincent van Gogh, Public domain, via Wikimedia Commons

Há ainda indicações de que Van Gogh tinha epilepsia do lobo temporal, conforme documentos médicos da época e estudo da Sociedade de Epilepsia. O uso de digitálicos para controlar as convulsões pode ter influenciado sua paleta, tornando os amarelos mais vibrantes em “Girassóis” e outras telas.

Quando pensamos “por que Van Gogh enlouqueceu?”, entendemos que não foi uma escolha: foi a combinação de genética, automedicação com álcool e tabaco e o choque entre seu universo interior e o mundo real. Ao mesmo tempo, essa intensidade deu a Van Gogh a sensibilidade para enxergar cores e formas como poucos.

Quem o Van Gogh amou?

Entre os questionamentos sobre a vida afetiva de Van Gogh, ele mesmo nunca se casou. Mas quem foi o grande amor de Van Gogh? A figura que mais influenciou seus últimos anos foi Johanna van Gogh‑Bonger, cunhada e esposa de Theo. Após a morte de Theo, Jo dedicou sua vida a promover a obra de Vincent, editando e publicando suas cartas e organizando exposições que o tornaram célebre.

Woodbury & Page, Public domain, via Wikimedia Commons (Johanna van Gogh‑Bonger)

Antes de Johanna, Van Gogh teve paixões não correspondidas: a prima Kee Vos‑Stricker, a modelo Sien Hoornik e especulações sobre outras amantes. No entanto, nenhuma relação foi oficializada, então ao falar “Quem era a namorada de Van Gogh?” ou “Quem é a amante de Van Gogh?”, lembramos que, na prática, só Theo teve lugar no coração dele.

Abaixo, traços de Van Gogh sobre Sien Hoornik:

Vincent Van Gogh - "Sien's Mother's House Seen from the Backyard" – 1882 – lápis e giz sobre papel - 29 x 45.5 cm - coleção particular.

Para Van Gogh, o amor era mais abstrato — o amor pela arte, pelo amarelo, pela natureza e, sobretudo, o amor fraternal por Theo, seu ponto de apoio.

Quais foram as últimas palavras de Vincent van Gogh?

Nos seus momentos finais, internado no albergue de Auvers, Van Gogh pediu calma ao irmão e murmurou: “Quero ir embora”. Essa frase, simples e carregada de sofrimento, pode ter sido aquilo que consideram como suas últimas palavras de Van Gogh. O “pode ter sido” é proposital, pois há um controvérsia.

Autorretrato com a Orelha Cortada, Willem Vincent Gogh
Vincent van Gogh, Public domain, via Wikimedia Commons

Pouco antes, em carta a Theo, ele agradeceu o “cuidado e a nota de cinquenta francos” e falou sobre arte, negócios e a necessidade de criar telas que falem diretamente ao coração das pessoas. Essa mistura de gratidão e renúncia mostra como, mesmo na dor, Van Gogh mantinha o foco naquilo que acreditava — que seus quadros seriam a voz dele no mundo. Vamos à controversia:

A tristeza durará para sempre

Muitas pessoas acreditam que as últimas palavras de Van Gogh foram “A tristeza durará para sempre”, mas há registros de que essa frase foi escrita em junho de 1889, numa carta em que ele relatava seus primeiros meses no asilo de Saint‑Rémy — um desabafo sobre a angústia e não um adeus definitivo.

Na verdade, seu último suspiro, proferido em 29 de julho de 1890, foi “Quero ir embora”, murmurado ao irmão Theo, pouco antes de partir. De qualquer forma, qualquer uma das duas podem contar claramente com a poesia que acompanhou Van Gogh até o último momento da sua vida.

Abaixo, algumas folhas de uma das cartas que Vincent van Gogh enviou ao seu irmão, Theo, e sua cunhada, Jo.

O site Vincent van Gogh Letters é um oásis no deserto. Ele disponibiliza toda a correspondência do artista, permitindo que você explore as cartas que ele enviou e recebeu. Navegue por elas filtrando por data, local ou destinatário. Cada nome mencionado nas cartas possui um link para uma breve biografia, contextualizando ainda mais a correspondência. No entanto, você precisa ter um entendimento razoável da língua inglesa (ou disposição para traduzir).

Quem ficou com a herança de Van Gogh? Tem algum parente de Van Gogh vivo?

Depois da morte de Vincent, seu irmão Theo levou o acervo de quadros, desenhos e cartas para casa, mas morreu poucos meses depois. Johanna van Gogh‑Bonger ficou, então, com tudo: mais de 450 obras e um tesouro de correspondências. Foi ela quem transformou aquele acervo em patrimônio mundial.

Willem van Gogh é um dos herdeiros de Vincent van Gogh e sobrinho-bisneto do artista. Ele é membro da direção do Museu Van Gogh e está envolvido na preservação da obra do tio-avô.

O filho deles, Vincent Willem van Gogh, herdou a coleção e, em 1973, fundou o Museu Van Gogh em Amsterdã. Hoje, seu neto‑bisneto, Willem van Gogh, membro da fundação familiar, participa da direção do museu e mantém viva a missão de tornar a arte de Van Gogh acessível a todos.

Portanto, quando você pesquisar “Quem ficou com a herança de Van Gogh?”, saiba que ela está segura na The Vincent van Gogh Foundation e no sorriso dos visitantes do MoMA e do Museu Van Gogh.

O que significa a pintura “A Noite Estrelada”?

Se “A Casa Amarela” é a alegria em forma de tela, A Noite Estrelada é o turbilhão da alma de Van Gogh em pinceladas. Pintada em 1889, durante seu internamento, ela representa o céu pouco antes do amanhecer visto da janela do sanatório. As estrelas — redemoinhos amarelo‑branco — e a lua alaranjada formam um balé de luz e cor que vai muito além do realismo: é a Noite Estrelada como Van Gogh a sentiu.

O povoado sob o firmamento parece tímido, contrastando com a força do cosmos. Os ciprestes, como chamas, conectam terra e céu, reforçando o diálogo entre o interno e o externo, o humano e o divino. Para Van Gogh, o quadro significava uma fuga e, ao mesmo tempo, um mergulho profundo em seus sentimentos.

A Noite Estrelada e a ciência: a precisão física nos redemoinhos de Van Gogh

Em 2004, físicos da China e da França descobriram que os redemoinhos de “A Noite Estrelada” obedecem à teoria da turbulência dos fluidos de Kolmogorov. Ou seja, aquilo que parece pura emoção também segue padrões matemáticos do movimento caótico da água e do ar.

Isso mostra como Van Gogh, mesmo sem conhecer equações, captou intuitivamente a essência dos fluxos naturais. Seu olhar sensível e seu estado emocional intenso funcionaram como um laboratório pessoal, criando arte que dialoga com a ciência — e reforça por que a obra de Van Gogh resiste a rótulos e gera novos olhares a cada geração.

O legado de Van Gogh é para você

Seja a história de Van Gogh repleta de reviravoltas, a morte de Van Gogh envolta em mistério ou a força de “A Noite Estrelada” que inspira cientistas e artistas, tudo faz parte de uma jornada intensa. Van Gogh enlouqueceu, amou, sofreu, pintou e, após partir, conquistou o mundo — graças à esposa de Van Gogh, Johanna, e aos herdeiros que mantiveram viva sua arte.

Autorretrato Van Gogh
Vincent van Gogh, Public domain, via Wikimedia Commons

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Já que você veio até aqui, vou deixar um video do Parla (perfil do Instagram: @o_parla_) que sabe tudo dos Museus de São Paulo, no canal do Youtube AchismosTV:

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